terça-feira, 1 de junho de 2010

Lamúrias sob o luar.


Ela subia o segundo degrau quando de repente parou e, voltou correndo, em direção a uma pedra, sentindo a areia fofa escorregar por seus pés.
- Adrianna, o que você está fazendo? Nós deveríamos estar à caminho de casa há muito tempo.
- Eu não quero ir para casa, ainda é cedo! - gritou enquanto continuava correndo.
Alcançou seu alvo, sentou-se,  e ficou satisfeita ao sentir seus pés mergulhados na água fresca e límpida.
- Ade...- chegou esbaforido. - Você está maluca? Precisamos ir...- recuperou o fôlego. - Já são 3 horas da manhã!!!
Ela olhava fixamente para a água, que fazia movimentos suaves, cobertos pelo manto prateado da lua. Seu olhar era de tristeza. Sempre que bebia, mesmo pouco, ela ficava mais impulsiva e sentimental.
- Então, você vai conversar comigo ou eu vou ter que tentar advinhar qual é o seu problema. - disse suavemente enquanto se sentava ao lado dela. - Acredite, eu não vou perder meu tempo fazendo isso! Você tem agido tão estranhamente esses últimos dias.
- Ai, não é nada...é só um momento ruim, todos têm.- falou impaciente.
- Concordo, todos têm. Mas você sempre resolve tê-los quando eu estou por perto. E agora eu te dou duas opções: ou você conversa comigo, e eu tento te ajudar, ou vamos embora.
- Não! O último lugar que eu quero ir agora é pra casa.- ela fez uma pausa de alguns segundos. -E você não vai entender, ninguém vai, nem mesmo eu me entendo.
- Talvez se você pelo menos tentar explicar...- pegou a mão dela e começou a acariciar. - Vamos lá, você sabe que pode confiar em mim!
- Eu sei Zack, eu sei...- soltou um longo suspiro.- ...é estranho sabe, é ruim.- pensou por algum tempo.- Você... por acaso... já se sentiu perdido, tão perdido, com um vazio tão grande dentro de sí, mas tão grande que faz você perder totalmente as forças, e querer desistir? Eu sinto que a minha vida está uma completa bagunça, sabe, tudo completamente fora do lugar, e parece impossível arrumar essa desordem. - uma lágrima escorreu por seu rosto.
- Pode até parecer, mas não é impossível. E eu, definitivamente, posso dizer isso. Passei 2 anos praticamente vendo minha mãe morrer aos poucos...quando descobrimos o câncer foi um choque terrível e, enfim, você esteve o tempo todo comigo, você lembra, eu disse que prefiria ter ido junto com ela, quis desistir de tudo, da vida... mas você me fez perceber que eu devia encarar os problemas e não adiantaria fugir, pois eles só se agravariam. Agora isso vale pra você. - enlaçou seu braço em volta do pescoço de Ade e beijou-lhe a testa.
- É eu sei, mas é tão difícil encarar tudo. Às vezes fugir parece a melhor opção.
- Se fosse fácil eles não se chamariam problemas, Ade. Eles são um bom exemplo para provar o quão forte uma pessoa é, o quanto ela consegue aguentar. E pode ter certeza que eu vou estar sempre aqui do teu lado, te ajudando a segurar as pontas. Assim como um dia você fez comigo.
Eles se olharam. Ela deu um sorriso meio desanimado. Mesmo com aquela feição ela continuava linda. Naquele instante as mechas douradas misturadas ao resto do cabelo castanho de Ade refletiam a luz da lua, e seus olhos, de um verde intenso, brilhavam, umedecidos por lágrimas. Ela estava tão vulnerável naquele momento. Quando Zack se deu conta, seus lábios levaram deliciosos e longos segundos juntos aos de Ade.
Após afastar-se e olhá-la, ambos sorriram.
 - Bom, já passou da hora de eu levar a senhorita para casa. As coisas estão realmente melhorando aqui, mas você sabe, que infelizmente, temos que ir.- levou a mão de Ade até sua boca, dando-lhe um demorado beijo. - Vamos?
- Hmm...- mexeu o pé lentamente, afim de sentir aquela sensação que tanto adorava, da água acariciando seus pés. - Vamos...-sussurrou quase que inaudível.
Os dois sairam da pedra e, abraçados, começaram a caminhar em direção à escadaria.
- Eu odeio ver você assim, triste. Você sabe que eu vou fazer de tudo para ver o contrário, mas você precisa me ajudar...se ajudar também! Não quero mais saber desse papo "quero desaparecer desse mundo cruel", ok? Se bem que eu duvido que essa tristeza perdure por muito tempo. - os cantos da boca de Zack se curvaram em um sorriso misterioso.
- Ah, é? Posso saber o porquê? - olhou-o curiosa.
- Porque agora que nós vamos voltar a namorar, vai ser impossível você ficar triste!
- Ué, que estranho, eu nem mesmo fui questionada em relação à isso.
- Eu não sou homem de perder tempo com perguntas as quais eu já sei a resposta.
- Hmmm, e eu aposto que você também é um homem cujo o sobrenome é humildade, hein! - riram.
Durante os poucos passos de distância que faltavam até a escadaria, mantiveram seus lábios quentes e úmidos, unidos.
Enquanto subiam as escadas, Adrianna travou.
- Zack...- falou enquanto direcionava um olhar vago para o nada. - É uma pena que não sejamos equipados com o sistema on/off, não é mesmo?

9 comentários:

  1. aaah que liindos amiiga *--*
    quem dera se existisse homens
    como o Zack né!
    ameeei mesmo :)
    beeeijos.

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  2. Hm, então tenho o privilégio de ser o primeiro a comentar? Que ótimo!
    Você conseguiu colocar um pouco de mel na sua habitual densidade, Louise.
    Me pareceu um pouco... Como direi... Introspectivo. Na verdade, a maneira de sentir dos personagens ficou muito bem escrita.
    Por quê? Seu jeito de escrever lambera muito o de Edgar Allan Poe, Sidney Sheldon e um pouco o de Frederick Forsyth. Você manda bem =]
    Continue postando.
    Você tem futuro.

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  3. u.u
    Roubaram o primeiro lugar de mim
    u,u

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  4. Ai amiga,

    Você escreve muito muito bem *--*

    É incrivel ... da pra imaginar toda a cena, os jeitos ... enfim!

    É lindo, lindo msmo.

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  5. Amigaaa......muito Lindooooooooo
    Adoreeeei!!!!
    <3

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  6. Wow o.o
    I must say that THIS text made me feel strange. It's not like the others, it's... Sweet. Like as if you had poured some of your soul's fragments in it.
    Well... It was delicious anyway.
    Keep moving on, Lady Louise

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  7. adorei sua visita ao meu mundo ! =)
    beijos :*

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  8. Uma Contadora de histórias. Muito sonho envolvido na sua escrita.

    Gostei.

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